De repente o reencontro...
As intenções se separam dos gestos, os sonhos permanecem inalcansáveis, as lembranças guardam-se como papéis amarelecidos.
Quando muito jovem, grandes projetos imaginei. Foram todos modificados.
Imaginava amar muitas mulheres e delas desfrutar do amor maior dos seres.
Povoaram muitas de minhas noites mal dormidas, preenchendo poemas inacabados, com nomes que escolhia à revelia, numa cumplicidade inconsciente.
Nem amei, nem fui amado. A que quis amar, desapareceu entre uma ou outra crise existencial das muitas que vivi.
A que amo não está comigo. Encontra-se distante, tanto quanto estava quando não a conhecia.
Fui impetuoso muitas vezes e omisso em outras tantas. Porém se confunde em minha mente qual delas teria sido mais importante.
Nos olhos que já viram tanto, descobri por vezes, boas intenções, em outras, maldades que desconhecia
Da boca, palavras escolhidas dediquei a quem só queria ouvir qualquer coisa e muitas vezes emudeci àquelas que precisavam ouvir de mim, algo simples e descomplicado.
Imaginei-me um homem quando ainda vivia minha imaturidade e descobri que somente se consegue alcançar a felicidade, se conseguirmos atender nossos sentimentos mais profundos.
Desesperanças, desencontros...
Quantas foram minhas buscas até aqui? Quanto vi? Quanto falei? Quanto amei até aqui?
Só uma coisa me desespera.
Quantos sonhos deixei de sonhar por querer ficar atento ao mundo, medindo cada passo, como o que contasse fosse a distância percorrida. Quantos sonhos eu deixei de sonhar apenas por achar que um homem verdadeiro se mantém acordado pra vida, sendo cada vez mais adulto, esquecendo da beleza de ainda ter a inocência de um menino.
Edson Luiz de Mello Borges