Para fazer-te sentir uma amizade
Daquelas que brota da sinceridade
De olhos nos olhos, da vida
Deixe-me segurar tua mão e seguir contigo
O caminho sem fim da estrada que leva ao
paraíso
Onde poderemos ser dois bons amigos
Que brincam a mesma luta, que choram a
mesma tristeza
Que não se separam ao amanhecer do dia
Que andam pela mesma rua e que cantam a
mesma poesia
Que vibram pela mesma lua e sonham a mesma
alegria
Deixe-me sentir que tu és viva, que és humana
Que sentes o que eu sinto e que temes o que
eu temo
Que és capaz de sorrir o meu sorriso e
enxugar, se for preciso,
A lágrima que fugir dos meus olhos
Deixe-me tocar tua face para que eu sinta
que tu existes
Pois mesmo podendo ver-te,
Não consigo acreditar que alguém como tu,
sobrevives
Neste mundo tão pobre e invariavelmente tão
triste
Deixe-me ser o chão que tu pisas, o céu que
tu procuras
O braço que te sustenta, o rio onde
repousas teus pés
A paz da noite a ti prometida
A saudade viva, que mesmo se fazendo antiga
Jamais será por ti, esquecida
Deixe-me ser tua própria envolvência tua
magia, tua atraência
Ser, quem sabe, um segmento,
Um pequenino, indelével fragmento
De tua transparência, de tua indescritível
existência
Edson Luiz de Mello Borges
fev-1978
fev-1978