E as coisas acontecem de forma rápida e incontrolável e nós ficamos inertes, estáticos, vendo-as acontecer, mesmo percebendo que contribuímos para isso. É tudo indefinível, tão incompreensível, tão natural, que não nos importamos se houveram consequências, e nessa simplicidade acabamos por nos acostumar.
O amor é assim, entra pela aberta porta da frente,
acomoda-se e, de vez em quando, é ele que nos faz sair. E nós sofremos por não
pode-lo alcançar. É como a lua que em certos períodos de cada mês, se faz
implacável, maravilhosa, majestosa e ofusca o brilho das mesmas e incansáveis
estrelas. Por comparação, o amor em certos períodos da vida, também se faz
implacável, maravilhoso e dessa forma, ofusca todos os ideais, todo o sentido que
damos as coisas que queremos, e a partir daí, só temos olhos para quem causou
esse amor.
Mas tão incompreensível como o início de tudo, esse alguém
se cansa e procura em outro caminho o que não achou em nós e se vai como
chegou, rápida e incontrolavelmente e aos poucos começa a fazer parte do
passado e só não é esquecido porque o amor ficou e não nos deixa esquecer, ao
contrário, nos faz lembrar. E nós lembramos de quem se foi, com o mesmo
carinho, e sem querer, nos surpreendemos quando ensaiamos o seu nome, fraca e
timidamente ou nos vemos escrevendo o mesmo nome que repetimos tantas vezes, e
até mesmo em sonhos, porque era tudo que queríamos, tudo o que nos fazia viver
e existir.
Então, com o passar do tempo, sentimos uma batida mais forte
no coração que aos poucos vai se tornando constante e começa a incomodar. Ele
começa a pedir para sofrer novamente, como se o sofrimento anterior, não
tivesse sido suficiente. E nós encontramos um outro alguém, com um novo amor, e
sem perceber, ironicamente começamos a viver por ele, para ele, com ele.
E as coisas acontecem novamente e tudo se alegra, tudo se
reveste de um colorido maior e especial, mais do que fascinante, tão frágil e
doce que nos entorpece e muda nossos caminhos. Nos envolve inteiramente
modificando cada certeza que tínhamos e as respostas já não se fazem
suficientes. Um novo amor mais forte do que foi o anterior, intenso e
devastador, como se desta vez fosse o último.
Edson Luiz de Mello Borges