Basta um dia, quem sabe dois para fazer do meu coração
fatias e dele se possa extrair o que de mais belo há no ser, que nem sempre
consegue ser, mas que sempre será o que foi.
Assim, entre versos e poesias eu diga que o mundo nada
tem de importante e que mesmo que o tempo passe e passe, prefiro viver os
instantes, os momentos e as envolvências do enlace.
A alegria brota dos olhos e
dos olhos faço a felicidade. Aquela que brinca conosco, que ri do destino e que
zomba das lágrimas que um dia surgiram no rosto. Aquela felicidade que é tão pura, tão simples, a mesma que todos tentam guardar para si. E eu,
com meu coração egoísta, tento desfruta-la sozinho e a felicidade não devendo
ser só minha, dissipa-se, perde-se tão rápido quanto começou
Tento, ao vê-la perder-se, soltar meu grito para que
outros gritos se façam, mas o que consigo é apenas ouvir a mudez da minha alma
e espírito. Agora choro. Nem mesmo o sopro do vento ou o murmúrio do mar fazem
com que minhas mãos distantes, alcancem outras mãos, pois já não há alegria,
nem felicidade, somente a esperança.
Refaço então o início de tudo e meus olhos que se
fecharam diante dessa agonia, agora se abrem e se perdem ao percorrer os
horizontes que se misturam. As lágrimas que riscaram minha face, agora secam
quando, do mar, sopra o vento forte, vindo de muito longe, que já não murmura,
mas me impulsiona, me revive, me alimenta.
Busco iluminar meu coração anteriormente entrevado, para
que suas contrações jamais tornem a ser aqueles soluços angustiados, mas que se
tornem fortes o suficiente, para fazer jorrar das veias, a esperança que me fez
recomeçar.
Zombo agora de minha fraqueza e, preferindo esquecer-me
daquela felicidade, procuro continuar em busca, não sei por quanto tempo, de um
dia, quem sabe dois, capazes de fazer do meu coração fatias, e delas se possa
extrair, quem sabe o sol, talvez a lua, mas certamente poesia.
Edson Luiz de Mello Borges