terça-feira, 26 de julho de 2016

POEMA QUEBRADO








Eu era apenas rio 
Esperando que você navegasse 
Poema quebrado no frio 
Num salão vazio 
Esperando que você recitasse 
Eu era manhã cinzenta 
Esperando de você a aurora 
Um lobo de olhar em brasa 
Te vendo em casa 
(e o lobo do lado de fora) 
E eu era, quem diria 
A melodia que jamais compusera 
E eu, que jamais daria 
Era o verbo dar 
Dizendo assim: "Quem dera!" 
Então não vá embora 
Agora que eu posso dizer 
Eu já era o que sou agora 
Mas agora gosto de ser

Oswaldo Montenegro