quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

DESDENHANDO

Irrita-me esse olhar tão de desdém,
Esse teu ar de superioridade,
Altivo para mim, como de quem
Olha de longe o mundo e a vaidade.

Sei que me tens amor e, na verdade,
De que serve fingir, se quem o tem
Nunca pode escondê-lo de ninguém;
E toda a gente o tem na nossa idade!

"Amor" - linda palavra, tão suave!
É riso de criança, trilo d'ave,
Renda tecida à noite plo luar!

Eu digo-a tantas vezes com fervor,
Que nem sei como ela, meu Amor,
Te custe uma só vez a murmurar!...


Florbela Espanca