sábado, 9 de novembro de 2013

ALMAS E CONSCIÊNCIAS

Queria seguir meus caminhos com a mesma força que outros já o fizeram e em meus passos indecisos e inconstantes que já se manifestaram, entender o verdadeiro sentido da vida que, embora vivida e sentida com tanta angustia e frustração, continua sendo o maior motivo para continuar vivendo, mesmo em desamor, mesmo em opressão.

Queria alegrar meus olhos com o sorriso nos lábios dos homens e alegrar meu coração com a presença da criança que desabrocha como  botão, que mostra com naturalidade que em seu pequeno (grande) mundo, existe razão suficiente para rir e sorrir inocentemente, não como as de outrora, pois já se veem infectadas e corrompidas pela neurose do nosso grande (pequeno) mundo de agora.

Queria poder gritar constantemente e em todo lugar, sobre minha juventude e sobre minhas ambições, sobre minhas verdades e minhas paixões e, quem sabe, se tivesse para quem, falar baixinho que quero e preciso de atenção.
Sair pelo mundo, quem sabe sem destino ou talvez com a certeza de meus caminhos que sinto, serão ora alegres, ora de espinhos que, embora não queiram, hei de saber curar minhas feridas e em cada cicatriz marcada, haverá uma história e um pedaço de minha caminhada.

Queria descobrir novos mundos e novos ares, todo azuis como são os mares e procurar em cada um deles, homens menos algozes, menos violentos, menos ferozes. Homens que saibam amar e, se preciso, que saibam chorar. Chorar por verem outros homens destruírem suas próprias almas e as almas que ainda restarem. Chorar por isso, ou simplesmente, chorar.

Ah, como eu queria! Além disso tudo muitas outras coisas que trago sangrando em meu peito de forma viva como se quisessem verter. Angústias que permanecessem escondidas, contidas pela consciência de um século de loucos e inconsequentes. Ah, como eu queria!

Porém, temos que levantar a cabeça e os olhos e ver um mundo onde a realidade desperta sonhadores e , onde a irreverencia do sentimentalismo jovem, é tratado em nossos dias, como fantasia, ou , as vezes, como mera rebeldia.


Hoje somos aquilo que uma sociedade da qual fazemos parte, quer que sejamos, não importando vontades, nem ideais, nem intelectualidade. Somos o que podemos comprar, também não importando o que compramos. Somos consumidores por excelência e, de mãos dadas ou não, seguimos lado a lado pelas ruas sombrias de um supermercado de almas e consciências.

Edson Luiz de Mello Borges
Ago-1983