domingo, 24 de novembro de 2013

SE É QUE AINDA HÁ TEMPO

E por falar em palavras, quantas terei que dizer para que você escute, ao menos, uma? Quantas mentiras incertas terei que ensaiar para que nasça uma única e minha verdade? Quantos “não” terei que ouvir até vê-la pronunciar um simples “sim” que me faça compreender que não somos diferentes como aparenta ou como você quer que seja.

E por falar em lágrimas, quantas terei que chorar até que você se decida a enxugar aquela que morre em minha boca? Quantos olhares lacrimejados serão precisos jogar ao horizonte até que você resolva virar as costas ao orgulho que nos separa e voltar de braços abertos, todo o caminho que havia começado?

E por falar em sorrisos (quem diria!) quero vê-la sorrir e mostrar que a tristeza é passageira, que vai e vem como aquele carrossel onde transbordávamos de alegria e mostrávamos em nossas bocas os dentes pequenos ainda, da felicidade brotando para a vida.

Tudo se fazia alegria, vestida de um colorido vivo, que não fazia, senão, nos entusiasmar e, quem sabe, nos fazer amar. E nós amávamos. Amávamos cada momento do que vivíamos, por saber que  estávamos assim, juntos, à espera de uma amanhã, difícil de chegar, mas tão certo quanto a própria verdade.

Mas hoje, já não pensamos assim. Nossos sorrisos mais se parecem com um grito de guerra lançados em momentos de ódio, porque a realidade é assim, a vida é assim e assim é o mundo em que colocaremos nossos filhos para, quem sabe, brincarem num carrossel

Se é que ainda existem carrosséis
Se é que ainda há tempo para brincar
Se é que ainda há tempo para palavras
Se é que ainda há tempo para lágrimas
Se é que ainda há tempo para sorrisos

Se é que ainda há tempo...

Edson Luiz de Mello Borges
jan-1978