sábado, 23 de novembro de 2013

O ÚLTIMO POEMA - MANUEL BANDEIRA

Assim eu quereria meu 

último poema

Que fosse terno dizendo 

as coisas mais simples 

e menos intencionais

Que fosse ardente 

como um soluço sem lágrimas

Que tivesse a beleza das flores 

quase sem perfume

A pureza da chama em que 

se consomem os diamantes mais límpidos

A paixão dos suicidas 

que se matam sem explicação.


Manuel Bandeira